EXTRA! EXTRA! EXTRA!

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Ato em Sampa!

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Isto é uma ficção, portanto os nomes são os que eu escolhi...


São seis horas da manhã, Zé da USP acorda, ainda meio sonolento se dá conta, ele está na reitoria: junto com ele dezenas de outros, a Maria, a Priscila, o Pedro, o Pedrão, o Tonico, a Ju, a Lu e a Su, todos alunos da USP.


Eles entraram na USP depois de derreter meses em cima de livros: primeiro porque é difícil, e estes, em especial, vieram de escola pública. Rapaz, nesta época, então... faltava professor, faltava giz, faltava sala, mas eles tinham um sonho. Suaram, deixaram muita balada pra depois, desistiram de ir ao cinema (nem sempre, que ninguém é de ferro), estudaram, estudaram e estudaram... Passaram. Venceram uma lógica que exclui, junto com o Marcelo, o João, a Giovanna, a Maria Clara que vieram de escolas particulares e estudaram muito também.


Escolheram a USP também por conta de um sonho. O sonho, que os uniu era o de estar numa universidade que se pensasse como um lugar de produção de conhecimento, e não apenas de formação profissional. A história da USP é assim: formou grandes médicos, juristas,arquitetos, sociólogos, filósofos, matemáticos, físicos, historiadores, artistas plásticos, jornalistas, nutricionistas, educadores, enfim uma gama tão grande de grandes nomes da cultura, da ciência, da tecnologia, das artes, das humanidades, das exatas brasileiras. Este sonho está sendo ameaçado há muito tempo, e eles foram se dando conta disso:: faltavam professores, quando chove salas inundam, não há verbas para as pesquisas que fizeram da USP este lugar de excelência...

E aí, vieram os decretos. Eles pensaram: é insustentável, deixe a USP fora disso, deixe as Universidades em paz, uma grande jurista gritou. E agora eles lutam: pela USP, pelo sonho de um espaço aberto que abrigue todas as classes na produção de uma Universidade que dê conta de ampliar a sua busca, de democratizar seu debate, de validar a sua autonomia.

Valeu, galera. Que o Brasil inteiro aprenda a sonhar junto, que o sonho se torne do tamanho do Brasil.





TODO APOIO AOS QUE LUTAM
PELA UNIVERSIDADE PÚBLICA E GRATUITA,
AUTÔNOMA,
E QUE REALIZA,
JUNTO COM O POVO
UM BRASIL MELHOR PARA TODOS.



quinta-feira, 24 de maio de 2007

Direto do G1 Pai militar aprova ocupação de filha na USP

Pai militar aprova ocupação de filha na USP
Preocupação é que a polícia acabe com a manisfestação de forma violenta.
Para os pais, movimento é importante para crescimento político dos jovens.

A imagem não é da matéria. Foi enviada por e-mail.


ão estudantil mais polêmica dos últimos anos, a ocupação da reitoria da principal universidade do país, a USP - com ameaça de uso de força pela Tropa de Choque da Polícia Militar -, é acompanhada com apreensão pelas famílias dos alunos. Mas a invasão é aprovada pelos três pais ouvidos pelo G1. Mais do que conquistar os direitos pelos quais protestam, eles vêem o ato como grande passo para o desenvolvimento político dos filhos

Tenente-coronel da Aeronáutica, Luiz Carlos, de 47 anos, não vê contradição, como militar, em apoiar a filha na ocupação de um prédio público. “Cada um tem que carregar as próprias bandeiras. Uma coisa não anula a outra.” Na noite desta quarta-feira (23), ele foi buscá-la na USP. “O movimento é legítimo. Hoje o que nós assistimos é o sucateamento limite daquilo que já foi a maior faculdade latino-americana”, disse. Quando soube que a filha ocuparia o prédio, Luiz Carlos, que também é calouro de ciências sociais, conversou com ela. “Perguntei se tinha consciência da decisão. Quando me disse que sim, falei ‘ok, quando você precisar, o número do meu telefone você conhece'.” Durante a ocupação, a estudante sentiu-se mal e ele foi até lá para ver o que estava acontecendo. “Ela foi para casa, se recuperou e, quando melhorou, voltou”, disse.

'Tiro no pé'
Armando [que não divulgou o sobrenome para preservar o filho], de 49 anos, vê a ocupação como o ressurgimento do movimento estudantil. “Se terminar em violência, vai ser o maior tiro no pé do governo nos últimos 50 anos. O [José] Serra enterra a carreira política dele [em referência ao passado no movimento estudantil do atual governador de São Paulo]. É perigoso tirar os estudantes na marra de lá”, defendeu. Porém reconhece que o perigo existe. "Que pode ter porrada, pode. Mas acho que a polícia não vai se arriscar, porque, se morrer alguém, a culpa vai ser jogada em quem invadiu", disse. Coordenador pedagógico de uma instituição de ensino, ele acredita que uma negociação está próxima, "basta a reitoria se posicionar contra os decretos". Apesar do risco, Armando comenta que seria contraditório tirá-lo de lá. O pai diz ter ficado preso por três dias no Dops [Departamento de Ordem Política e Social], órgão do regime militar que ficou conhecido pela brutalidade, pela militância estudantil. “No centro acadêmico da PUC [de São Paulo] havia um movimento organizado, fui ameaçado de morte por gente de extrema direita. Eu também dormi na faculdade, mas porque o reitor me escondeu”, brincou Armando, que fazia parte da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (Umes).

De pai para filho

Adalberto Marcondes, 50 anos, teve uma experiência parecida com que a filha vive agora. Ele afirma ter participado de um grupo que invadiu durante três meses o Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo (Crusp) em 1979.

O protesto era por moradia. Segundo ele, apenas alguns apartamentos eram ocupados, por estrangeiros. A maioria ficava fechada pela administração da USP. “A polícia chegou a pressionar e cercou o prédio, houve tensão, mas chegamos a um acordo com o reitor”. A ação surtiu efeito, e Marcondes ganhou um quarto. Foi uma das últimas intervenções policiais na instituição - após o governo militar, o campus nunca mais sofreu ação policial para conter manifestações estudantis.

Governo diz ao conselho de reitores

Governo diz ao conselho de reitores que autonomia das universidades está garantida
Em carta enviada ao Cruesp, secretário de Serra afirma que autonomia é constitucional.

Decretos editados pelo governo são motivo de greve na USP e na Unicamp.



Veja a íntegra da carta do secretário Sidney Beraldo:

"São Paulo, 22 de maio de 2007

Excelentíssimo Senhor Prof. Dr. José Tadeu Jorge
Magnífico Reitor da UNICAMP

Magnífico Reitor,
Em atenção às questões formuladas por Vossa Excelência, esclareço que, segundo o entendimento desta Secretaria – e que é o do Governo do Estado –, os Decretos nº 51.471, de 02 de janeiro de 2007, e n° 51.660, de 14 de março de 2007, não são aplicáveis às universidades estaduais. Isto decorre do princípio da autonomia universitária (Constituição Federal, art. 207) e da incidência de normas específicas, que eximem as universidades da submissão a regras que, por sua própria razão de ser, somente têm por destinatários órgãos e entidades que – ao contrário do que ocorre com elas – estão sujeitos ao poder hierárquico, à tutela administrativa e às diretrizes do Poder Executivo.

Evidentemente, a decisão acerca da realização de concursos públicos, admissões ou contatações de pessoal docente e administrativo nas universidades é da competência de seus órgãos superiores, na forma de seus estatutos, respeitada a responsabilidade pública de cada instituição, nos termos do art. 254 da Constituição do Estado.

Bem por isso, o Decreto n° 51.471 não restringe as admissões e contratações pela USP, pela UNICAMP e pela UNESP. Aliás, tanto é assim, que as três Universidades prosseguiram normalmente, ao longo deste ano, com suas admissões e contratações. D

a mesma forma, tampouco se aplica às universidades estaduais o Decreto 51.660, que instituí a Comissão de Política Salarial, no âmbito do Poder Executivo. E o motivo é de fácil apreensão: conforme determina o Decreto n° 29.598, de 2 de fevereiro de 1989 (art. 3º) – norma especial e que prossegue em pleno vigor – compete ao Conselho de Reitores fixar os critérios de execução orçamentária das Universidades do Estado de São Paulo, dentre os quais os relativos à política salarial de seu pessoal docente, técnico e administrativo. E também o art. 54, § 1°, I, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, garante tal prerrogativa, atendidas as normas gerais pertinentes e utilizados os recursos disponíveis.

Sidney Beraldo Secretário de Gestão Pública

E aí, vai revogar por carta o que fez por decreto?
Revoga, Serra!

quarta-feira, 23 de maio de 2007

ENTREVISTA – OLGÁRIA MATOS

Polícia na USP é ‘mais do que autoritarismo’, diz filósofa

Olgária Matos e outros 300 intelectuais firmam abaixo-assinado no qual rejeitam a 'ação violenta de desocupação do prédio [da Reitoria]' da USP. Para ela, os estudantes deram 'uma aula de democracia ao poder instituído na universidade'.


Rafael Sampaio – Carta Maior
SÃO PAULO - Signatária de um abaixo-assinado que pede novas negociações da reitora Suely Vilela com os estudantes que ocuparam a Reitoria da Universidade de São Paulo (USP), no campus Butantã, em São Paulo, a professora titular de Filosofia Política Olgária Matos chama de “absurda” a hipótese de a Tropa de Choque realizar o despejo forçado da ocupação.

Olgária é especialista em História da Filosofia, com enfoque no Iluminismo, e lançou livros como “Discretas Esperanças”.Assim como ela, outros 300 professores e intelectuais da USP assinam a petição e rejeitam “qualquer ação violenta de desocupação do prédio [da Reitoria], tendo em vista a justeza de sua causa política em defesa da universidade pública”.

Dentre os que assinam o documento estão os professores Antonio Candido, Alfredo Bosi, José Miguel Wisnik, Marilena Chauí, Franklin Leopoldo, Luiz Tatit, Paulo Arantes, Maria Victoria Benevides e Leda Paulani.“Em vários países do mundo, a universidade está a salvo das ingerências policiais, porque ela é a única capaz de garantir pensamento livre”, diz Olgária, para quem as “novas idéias” não podem ser limitadas.

“É claro que muitos professores não acham [a ocupação] uma atitude que deve ser promovida ao status de arma política ou forma de luta política”, pondera a professora. Porém, ela faz questão de lembrar que “enviar a Polícia Militar, neste caso [de ocupação], é como intimidar um movimento civil, intelectual e político dos estudantes”.

Confira, abaixo, a edição das melhores partes da entrevista:

Carta Maior – Como a senhora vê uma provável desocupação da reitoria da universidade mediante uso da força policial?Olgária Matos – Seria gravíssimo se isso viesse a acontecer. Parece-me que o significado das reivindicações dos estudantes é legítimo, o que deve ser discutido com a Reitora e não com a Polícia Militar.
Acredito que esta ocupação foi uma fórmula para estes jovens darem uma aula de democracia ao poder instituído na universidade. Eles devem ter consciência total ou parcial do que está acontecendo, e assim se faz o difícil aprendizado democrático que as autoridades universitárias não conseguem entender.

CM - A senhora, que tem uma longa história na universidade, já presenciou este tipo de ação da Polícia Militar dentro do campus?Olgária - Eu só me lembro da ocupação do prédio da Maria Antônia [batalha ocorrida em outubro de 1968 entre estudantes de Filosofia da USP e da Universidade Mackenzie]. Foi o dia mais triste da história desta instituição e de todas as universidades do Brasil, se você quer saber.

CM – Qual o significado simbólico da presença da Polícia Militar no campus? Trata-se apenas de autoritarismo?Olgária - Não é autoritarismo, é pior. Porque quando há autoritarismo, ele previne muitas vezes o uso da força policial, porque já faz [implicitamente] o papel de polícia. Não é que os policiais sejam maus. Mas o que significa a presença da polícia armada dentro de um campus, sendo que as nossas únicas armas são os livros e o pensamento? É muito grave, porque se ocorrer isso, serão armas desiguais, e o recinto universitário é um lugar que fica distante do conflito armado urbano. Enviar a Polícia Militar neste caso é como tentar intimidar um movimento civil, intelectual e político dos estudantes. Seria responder a isso com a força bruta, então é totalmente absurdo.

CM – A senhora diz que as reivindicações são legítimas. O que pensa da ocupação na Reitoria?Olgária - Eu acho que os estudantes que lá estão têm consciência de que eles não representam todos os estudantes, todos os professores e todos os funcionários da universidade. Se eles discutiram e na dinâmica do movimento estudantil foi decidido assim, não cabe a nós julgar. Não sei, mas talvez eles se sintam desatendidos e não encontraram quem intermediasse as suas reivindicações. Acho que [ocupar] foi uma atitude extrema, mas toda esta politização amadurece e ensina. Todas as reuniões, estas discussões, tudo isso esclarece a consciência dos atos dos alunos. Isso amadurece a vida política da universidade e dos estudantes. Antes de avaliar se é legítimo ou não, acho que vale olharmos a politização que o ato teve e em como isso vai ficar na história da universidade.

CM - Existe um consenso dentre os professores de que utilizar a força policial para fazer a desocupação da Reitoria é desnecessário?Olgária - Os professores não querem violência na desocupação. O que não é consenso é sobre a ocupação ou não da Reitoria. Há professores que crêem que ocupar este prédio é um excesso de ativismo. Simbolicamente é um lugar muito importante, é o lugar da autoridade, a Reitoria, que é necessária para coesão de toda a vida universitária. É claro que há muitos professores que não pensam que [a ocupação] é uma atitude que deve ser promovida ao status de arma política ou forma de luta política. Agora, parece que as últimas gestões da Reitoria e das direções dos cursos vêem os estudantes como uma parte desprezível ou secundária na vida universitária. Na verdade, a razão de ser da USP é a docência e a pesquisa, que não são duas coisas separadas. A docência existe, então é essencial existirem aulas. Eu acho que os estudantes são a matéria nobre da instituição, e vejo uma desconsideração [da Reitoria]. Se a reitora Suely Vilela marca uma audiência pública e não pode aparecer [primeira razão do protesto dos estudantes], ela deveria enviar alguém, um representante. Os estudantes não estão [fazendo a ocupação] em uma causa vazia. Eles querem defender a universidade. Em vários países do mundo, a universidade está a salvo das ingerências policiais, porque ela é a única capaz de garantir pensamento livre. As novas idéias não podem ser cerceadas. Então você tem que responder intelectualmente ao movimento estudantil, que está fazendo uma defesa da autonomia universitária. Não é só autonomia orçamentária, mas é de pesquisa e de deliberações. É uma questão de filosofia política séria. E mais: é uma questão de dignidade institucional. Não dá para inverter uma lei que foi conquistada com muita luta dos docentes, depois de um longo período de ditadura. Ou seja, estes decretos causam uma reação instantânea de quem entende o que é a universidade. A sociedade brasileira entende mal o papel de uma universidade, infelizmente. Nosso país tem elites avarentas no seu conhecimento, que não querem compartilhá-lo com a sociedade. A universidade é mal-entendida, por isso há espaço para a reitora Suely não se dispor a negociar mais. Até agora, os professores tentaram fazer algumas comissões para negociar com ela. Mas Suely não recebe nem estes grupos, formados às vezes por professores universitários e intelectuais renomados.


CM – A senhora acredita que os decretos de fato ferem a autonomia universitária?Olgária – Claro que ferem! Só a idéia de ter um decreto já fere a autonomia. Não dá para dizer o contrário quando existe uma rotina consolidada na universidade mais importante da América do Sul, e que acaba alterada desta forma. A universidade sabe o que faz, o que precisa e o que conduz. Ela presta periodicamente contas ao governo, e sabe a dinâmica de seus cursos, de suas publicações, de suas relações com docência, pesquisa, extensão, os congressos, as relações com outras universidades, com o ensino superior estrangeiro. O governo que está fora dela vai deliberar se o que a universidade faz está correto ou não, se tem qualidade ou não. O governo é uma instância burocrática político-administrativa externa à universidade, que tem que dialogar. Mas não é na forma de decreto que se cria essa conversa, isso é uma expropriação das práticas e consciência universitária, isso é gravíssimo. Foi um sinal claro do fim da universidade pública, gratuita e de qualidade. Estamos vivendo o fim desse tipo de ensino superior. Trata-se de um processo maior do que o governo de José Serra (PSDB-SP), que é apenas um emissário desta situação [de mercantilização] das universidades.

Autoritarismo e fragmentação da educação

CÉSAR A. MINTO, MAURO A. P. DIAS DA SILVA e MILTON V. DO PRADO JÚNIOR

No que se refere às universidades públicas, ressaltam as medidas destinadas a intervir na sua autonomiaO NOVO governo do Estado de São Paulo tem surpreendido a sociedade, desde o primeiro dia de mandato, com um conjunto de decretos que, no mínimo, causam apreensão, sobretudo por centralizar ainda mais o poder no Executivo, em movimento contrário ao ideal de um Estado democrático de Direito. No que se refere às universidades públicas, ressaltam as medidas destinadas a intervir na autonomia universitária. Abordamos aqui cinco desses decretos.
O decreto nº 51.460 (1º/1) causa maior fragmentação da área: a educação básica (educação infantil, ensinos fundamental e médio) fica na Secretaria da Educação; o Centro Paula Souza (Ceeteps) é desmembrado da Unesp (Universidade Estadual Paulista) e vinculado à Secretaria de Desenvolvimento (onde também foi alocada a Fapesp -Fundação de Amparo à Pesquisa); e a educação superior vai para a recém-criada Secretaria de Ensino Superior. Nada mais emblemático, pois revela a opção de nem sequer criar um sistema de educação superior -aliás, até ignora que o Ceeteps realiza ensino superior (o tecnológico). O decreto nº 51.461 (1º/1), que organiza a Secretaria de Ensino Superior, preocupa tanto pelo que diz quanto pelo que omite. Ao definir seu "campo funcional", enfatiza a "pesquisa operacional" (aplicada), sem nenhuma referência à pesquisa básica ou à indissociabilidade de ensino, pesquisa e extensão -tripé que caracteriza as universidades. Ressalta a formação tecnológica, mas não se preocupa com a formação ampla, aquela com vistas "ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho", conforme a LDB. Não trata do financiamento desse ensino nem dos problemas causados por sucessivos governos: insuficiência de recursos; mistura ilegítima de contas: desconto da habitação antes do repasse do ICMS às universidades, recolhimento previdenciário à custa da educação ativa, dentre outros. O decreto nº 51.471 (2/1) veda, por tempo indeterminado, a admissão ou contratação no âmbito do Estado, centralizando-as por meio da Secretaria de Gestão Pública. Tal atitude, aliada à exigência de cadastramento dos servidores (desconfia dos antecessores?), aponta para um "enxugamento da máquina" que pode resultar em maior privatização dos serviços públicos essenciais, assim como em maior precarização e terceirização do trabalho. O decreto nº 51.636 (9/3) obriga as universidades a ingressar no Siafem/ SP (Sistema Integrado de Administração Financeira para Estado e Municípios), ignorando que elas dispõem de sistemas autônomos de gestão de recursos e que prestam contas diretamente ao Tribunal de Contas do Estado. Tal medida castra -em definitivo- a autonomia das universidades estaduais paulistas, garantida no artigo 207 da Constituição Federal. O decreto nº 51.660 (14/3) institui a Comissão de Política Salarial (CPS), composta pelos secretários da Fazenda, de Economia e Planejamento, de Gestão Pública, do Emprego e Relações do Trabalho e o procurador-geral do Estado. Estabelece que a CPS defina as diretrizes de política salarial e que a Secretaria de Gestão Pública conduza as negociações salariais com as entidades dos servidores da administração direta e das autarquias (caso das universidades). Assim, as negociações antes realizadas entre o Fórum das Seis (que congrega entidades representativas de docentes, funcionários técnico-administrativos e estudantes das três universidades estaduais e do Ceeteps) e o Cruesp (Conselho dos Reitores das Universidades do Estado de São Paulo) terão que ser submetidas à Secretaria de Gestão Pública. Tal cenário agrava-se devido à constante isenção fiscal concedida pelo Executivo e à freqüente sonegação fiscal não combatida a contento pelos poderes públicos. Tudo isso sem esquecer que Lembo/Serra vetaram na LDO para 2007 o acréscimo de mísero 1% da receita de impostos para a educação pública em geral no Estado de São Paulo. Diante das tendências fortemente centralizadoras do governo do Estado, o mínimo que a sociedade pode esperar é que o Legislativo faça prevalecer sua independência ante o Executivo e que os reitores assumam a autonomia constitucionalmente outorgada às universidades.

CÉSAR AUGUSTO MINTO, 57, professor doutor da Faculdade de Educação da USP, é presidente da Adusp (Associação dos Docentes da USP). MAURO ANTÔNIO PIRES DIAS DA SILVA, 56, professor doutor da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, é presidente da Adunicamp (Associação dos Docentes da Unicamp). MILTON VIEIRA DO PRADO JÚNIOR, 39, professor doutor da Faculdade de Ciências da Unesp (Bauru), é presidente da Adunesp (Associação dos Docentes da Unesp).

um artigo

Em defesa da Universidade de São Paulo
ANTONIO CARLOS ROBERT MORAESESPECIAL PARA A FOLHA
Quando o atual governo do Estado de São Paulo decidiu promulgar um decreto alterando a estrutura das universidades públicas estaduais, gerou a possibilidade da crise que agora vivenciamos. Tal medida não constava do programa de governo apresentado pelo candidato a governador, nem foi levantada em sua campanha eleitoral. Por isso surpreendeu a comunidade uspiana, inclusive aqueles que nele votaram.Para utilizar uma expressão popular, foi uma medida "tirada do bolso do colete", incidindo em uma área da administração pública estadual que, comparativamente, não apresentava grandes problemas. Ao contrário, a USP permanecia com a sua produção acadêmica de qualidade e estava expandindo vagas. Cabe assinalar que, para uma proposta que visava "aprimorar" o sistema universitário paulista, a medida continha grandes lacunas e imprecisões, como ficou bem demonstrado nas alterações posteriormente realizadas pelo próprio governo estadual, e nas dúvidas que persistem sobre suas atribuições até o momento.Em face ao quadro descrito, e dada a omissão dos dirigentes da USP que não se manifestaram quando da publicação do decreto, instalou-se um clima de insatisfação na comunidade uspiana. Tal terreno possibilita atitudes radicais e mesmo impróprias, como a invasão do prédio da reitoria por um grupo minoritário, que se manifestou como "vanguarda" política no processo.Sem dúvida, essa ação desencadeou o debate que agora se trava, porém a atual situação de impasse, que persiste, é altamente lesiva à instituição. As atividades-fim de ensino, pesquisa e extensão são prejudicadas, e municia-se os interesses contrários à universidade pública com argumentos falaciosos, que passam à sociedade uma visão distorcida da vida universitária.
Órgãos de imprensa inescrupulosos fartam-se nessa situação, apresentando os docentes como uma corporação privilegiada e os alunos como rebeldes irresponsáveis.
Esta visão deturpada e intencionalmente dirigida para a destruição de um bem público não releva os enormes serviços prestados pela USP ao longo de sua existência. Todo o sistema universitário brasileiro lhe tem como matriz geradora de quadros especializados e como referência institucional.A pesquisa de excelência ali praticada, responsável por quantidade considerável da produção humanística e científica nacional, se expressa desde a geração de patentes de remédios de suma importância para a saúde humana até a elaboração de interpretações básicas para o entendimento de nossa história, desde o desenvolvimento de tecnologias vitais para o país até a reflexão sobre posicionamentos que aprimoram a nossa sociabilidade.Além disso, cotidianamente, a universidade presta diversificados serviços à população, seja no campo do atendimento médico, da elaboração de laudos técnicos, de difusão da cultura, entre outros. Enfim, seria longa a lista dos benefícios que a universidade cria para a sociedade que a mantém. Pequeno é o seu custo em comparação com outras aplicações dos recursos públicos.
Por essa tradição já consolidada, a Universidade de São Paulo não pode ser colocada na "bacia das almas" do jogo de interesses mercantis, partidários ou político-eleitorais. A sociedade paulista tem de defender este seu patrimônio, lutando pela manutenção de sua autonomia, de sua independência administrativa e de pensamento. O que não significa falta de transparência na prestação de contas (como parece sugerir o discurso governamental).
ANTONIO CARLOS ROBERT MORAES é professor-titular do Departamento de Geografia da FFLCH, foi secretário da Adusp e representante dos professores-assistentes e dos professores-doutores no Conselho Universitário da USP

terça-feira, 22 de maio de 2007

uma foto




A Globo divulga que os estudantes querem evitar a transparência das contas.
Como diria a minha vó, que mentira, que lorota boa!

O que a gente quer é autonomia. Trasparente, pública, mas AUTONOMIA.

E temos o apoio da UNE, de intelectuais, organizações e professores de todo o país...

Chega de governar por Decreto.

Eu quero minha democracia de volta.

Eu quero que o senhor governador respeite o artigo 207 da Constituição,
Serra, revoga!!!!!!!!

A UNE APOIA A OCUPAÇÃO

O presidente da UNE, Gustavo Petta, repudia qualquer possibilidade de intervenção truculenta da polícia. "É um absurdo, um ato de autoritarismo que relembra a ditadura militar. A ocupação é um movimento legítimo e respaldado por dezenas de assembléias e plenárias realizadas pelos estudantes. Qualquer tentativa de violência dentro da USP será uma afronta contra a democracia do país", ressaltou. E agora, Serra?
A UNE!

Revoga, Serra!
Veja mais em
http://www.une.org.br/home3/movimento_estudantil/movimento_estudantil_2007/m_9191.html

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Do site de CAROS AMIGOS

Sobre uma matéria publicada na revista Veja
por Juliana Garcia de Rossi
Olá.
Meu nome é Juliana Garcia de Rossi, moro na cidade de Marília, interior do estado de São Paulo.
Tomei a liberdade de lhes escrever, mas não sei, sequer, se estou mandando esse email para o destino certo. Espero que sim.
O objetivo desse email é pedir-lhes que façam uma matéria sobre a ocupação do prédio da reitoria da USP por estudantes dessa instituição. Na verdade, a matéria deveria ir além desse fato e discutir a própria questão da autonomia das Universidades estaduais paulistas (USP, UNICAMP e UNESP). Abordando o problema gerado pelo governador José Serra.
A revista Veja, em sua edição 2008, ano 40, nº 19, do dia 16 de maio de 2007, fez uma matéria totalmente parcial e favorável ao governo. A jornalista Camila Pereira, autora da matéria, teve a audácia de chamar os estudantes de "depredadores de prédios públicos" e de "bando", em uma forma altamente pejorativa de tratá-los.
Em nenhum momento, ela esclareceu a real situação da USP e as reivindicações dos estudantes, professores e funcionários. Apenas mencionou "entre reivindicações oportunistas, como a melhor conservação dos prédios da universidade, os depredadores de prédios públicos querem impedir que o governador José Serra exija mais transparência dos gastos das três universidades estaduais - além da USP, a Unesp e a Unicamp."
Ela tomou, claramente, o partido do governador, assim como costumam fazer todos os jornalistas da citada revista.
Não disse, por exemplo, que se um aluno uspiano custa, em média, 12 mil dólares anuais, isso se deve ao fato de que é com o dinheiro destinado à USP que se paga os gastos do Hospital Universitário, dos empregados e professores aposentados, dos empregados e professores em atividade, assim como todos os demais gastos da instituição. É, por isso, que o custo parece ser tão elevado.
Outro engôdo foi o fato de a jornalista não ter, sequer, mencionado que os custos dos alunos de um curso de Medicina e de um de Letras, por exemplo, são totalmente díspares.
Se já não bastasse tudo isso, Camila Pereira teve a audácia de destacar que a USP ocupa o 266º lugar, numa lista de 287 instituições, pelo critério de publicação de textos científicos. Ora, em um país onde não se investe em Cultura, Ensino e Pesquisa, essa já é uma posição de destaque e a USP merece crédito por isso, e não o contrário.
Na tentativa de induzir seus leitores a considerar a idéia de privatizar as Universidades públicas paulistas (pois creio ser esse o maior objetivo dessa matéria), a jornalista alega que a USP nunca produziu um prêmio Nobel (algo que a Universidade de Buenos Aires produziu cinco) e alega, também, que na Coréia do Sul e na China comunista, a universidade é paga (poderia ela ter sido mais explícita??).
Enfim, a matéria toda é uma grande afronta aos estudantes e aos seres pensantes desse país, que não lêem a revista Veja como uma "Bíblia" jornalística e que têm um mínimo de capacidade crítica.
Eu estou enviando um email crítico àquela revista, mas creio que ele será descartado, por isso, resolvi recorrer à revista Caros Amigos, que tem se mostrado sempre séria, sensata e imparcial em suas matérias.
Peço que meu apelo seja ouvido e peço desculpas pelo inconveniente. Não sei se fui clara em minha exposição, mas meus ânimos estão exaltados e, nesses momentos, não consigo ser muito clara.
Acho conveniente, também, dizer que já fui aluna da USP, formei-me em Letras. Entendo muito bem o que se passa lá dentro, assim como entendo as reivindicações dos alunos, professores e funcionários, elas são sempre as mesmas, pois nunca são ouvidas.
Dessa forma me despeço.
Obrigada pela atenção,
Juliana Garcia de Rossi.

Direto do G1

Entre os cerca de 25 líderes que fizeram a defesa da ocupação, o Padre João Pedro Baresi, de 70 anos, membro da Pastoral Operária,.. Pediu para que os jovens não deixassem diminuir o entusiasmo da ocupação,: "Olhamos com preocupação a marcha privatizante sobre as universidades", disse.
Padre baresi foi diretor da Revista Sem Fronteiras, e luta pela causas de esquerda há mais de 40 anos.

mais gente na luta

Direto do blog EntreLinhas

USP: como Serra sairá desta sinuca de bico?
A Universidade de São Paulo vive uma crise sem precedentes em sua história. Com a reitoria ocupada pelos estudantes, funcionários em greve e docentes com assembléia marcada para decidir se paralisam as atividades, a USP simplesmente não está funcionando. Em menor intensidade e sem ocupação de reitorias, o mesmo ocorre na Unesp e na Unicamp. A verdade é que nas três universidades estaduais há clima para tudo, menos para atividade acadêmica.Esta crise tem nome e sobrenome: José Serra. Nem sob Geraldo Alckmin, o governador do choque de gestão, houve um confronto tão aberto entre governo e universidade. Serra criou a crise ao tentar diminuir a autonomia das universidades, uma conquista que vem do tempo em que Orestes Quércia governou São Paulo.A batalha da opinião pública, esta Serra já perdeu: mesmo nos jornais que tradicionalmente lhe dão apoio, como a Folha de S. Paulo, o noticiário já está mais crítico e começa a dar razão aos docentes e discentes das universidades. O governador agora tem duas saídas possíveis: fazer como os americanos fizeram no Vietnam, isto é, cantar a vitória, mas sair bem rápido do conflito; levar a disputa até o fim. No primeiro caso, Serra terá sido derrotado, mas poderá pelo menos fingir que ganhou o jogo. No segundo, o governador terá apenas e tão somente o desgaste. Não é uma escolha difícil, mas também não é improvável que Serra acabe optando pelo pior.

direto do Último segundo IG

Notícias falsas sobre ocupação na USP
Por Flávio Mottola de Campos em 8/5/2007
A imprensa tem noticiado fatos deturpados sobre a ocupação pelos estudantes da Universidade de São Paulo (USP) do prédio da reitoria. Os fatos noticiados pela Folha de S.Paulo no sábado (5/5) são falsos. Estive na USP dias 3, 4 e 5 de maio, em um congresso brasileiro científico da Abrapcorp – Associação Brasileira de Pesquisadores de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas. Fiquei hospedado no Crusp (Centro Residencial da USP) e pude acompanhar todas as movimentações dos alunos envolvidos.
Vamos aos fatos: para começar, os alunos não depredaram nada. Sequer mexeram nos pertences dos funcionários. Apenas desobstruíram a passagem de entrada do prédio, arrebentando o portão. Como ocupar um local sem provocar nenhum tipo de dano?
A ocupação estava tão bem organizada, que foram montadas até comissões para não virar zona. Existem comissões de Administração, Limpeza, Alimentação e, pasmem, de Segurança e até de Comunicação.
A reitoria reivindicou junto aos alunos que pelo menos a Guarda Universitária ficasse no interior do prédio. Mas a Guarda é muda. Só está lá por estar mesmo. Quando entrei no prédio da reitoria, deparei com outro mundo. Alguns deitados pelo corredor, dormindo, outros pintando faixas de papel pardo, outros conversando sobre os mais diferentes assuntos: "Será que a Polícia Militar vai aparecer aqui hoje?" Qualquer coisa é só ficar atento e correr para qualquer lugar.
Na cozinha, adesivos post it nas geladeiras e armários alertavam para que ninguém mexesse em nada que fosse dos funcionários. Por ali, várias pessoas faziam centenas (eu disse centenas) de lanches para o pessoal que iria dormir no prédio. A diretoria do Diretório Central dos Estudantes (comissão de Administração) estava em reunião no canto de um corredor. No mesmo corredor, outros alunos pintavam cartazes e faixas de papel pardo.
Por que mentir?
Pelas mesas do corredor, vários informativos do que estava acontecendo. A comissão de Limpeza mantinha a limpeza do prédio (coisa óbvia). A comissão de Segurança ficava na vigília na laje do prédio da reitoria, caso algum jornalista ou algum indivíduo contrário à ocupação, ou até mesmo algum engraçadinho que se fizesse presente apenas para se mostrar, praticasse algum ato de vandalismo.
Ah, a Comunicação! Sinto arrepios até agora só de lembrar. Talvez por eu ser um sulista de Santa Catarina... Espalhadas em várias salas especiais, dezenas de pessoas escrevendo em blogues (lembrando que era apenas uma comissão e poderia usar os computadores), clipando notícias dos sites e, inclusive, transmitindo a ocupação do prédio da reitoria pela internet, em áudio.
Como no sábado (5) aconteceu a Virada Cultural em São Paulo, os alunos da USP fizeram uma Virada Cultural da Ocupação (também transmitida pela web), com samba, maracatu e algumas outras apresentações dos alunos.
Ainda na semana passada, a Folha publicou a versão dos estudantes, de que nada fora destruído, como aponta a matéria do jornal.
Mas eu ainda me pergunto: por que a imprensa não disse a verdade sobre a ocupação da Reitoria da USP?

Direto do Conversa Afiada

Serra e Putin: Stalin é o que os UNE


O JEITO SERRA DE GOVERNAR

Paulo Henrique Amorim

. O jeito Serra de governar é muito simples: é o jeito Putin de governar.
. Faça como Stalin e tape a boca da imprensa.
. Só isso.

. Foi o que ele fez com a verba das universidades.
(Clique aqui para ler como Serra quer controlar os R$ 5,5 bilhões/ano que as universidades do Estado de São Paulo administra(va)m)
. Ele baixa o decreto, ninguém percebe, a coisa vai, vai, e torna-se fato consumado.
. Porque Serra, o presidente eleito, provisoriamente responsável pela administração do Estado de São Paulo, conta, de saída, com a cumplicidade da imprensa conservadora (e golpista, a começar pela imprensa de São Paulo).
. Com o que ele não contava era com a greve de estudantes e funcionários da USP.
. Seria escandaloso se a imprensa não cobrisse o acontecimento, ainda que séculos depois ...
. A Folha de S. Paulo, usualmente o house-organ do Governo Serra, publicou (Pág. C4) neste sábado chuvoso e cinzento, um debate com dois respeitados intelectuais e professores de São Paulo: Francisco de Oliveira, a favor da invasão dos estudantes - “um movimento em defesa da universidade”; e Maria Herminia Tavares de Almeida, a invasão “não é uma forma civilizada de protestar”.
. Isso é uma divergência sobre a FORMA de protestar.
. Porque, no CONTEÚDO, os dois estão mais próximos do que parece.
. Francisco de Oliveira diz assim: “É odioso que o governador senhor José Serra, que no passado foi presidente da UNE, ... use desses meios para restringir financeiramente a universidade... Não adianta o secretário (de ensino superior) vir e dar nó em pingo d’água”.
. Diz a professora Maria Herminia, sobre a política do Governo do estado: “Eu não consigo entender qual é a política do Governo do Estado. Na verdade, o Governo tem batido a cabeça desde o começo”.
. Sobre a ocupação da USP pela Polícia Militar (o que parece ser o último recurso de Putin), diz Francisco de Oliveira: “Mandar, por uma medida judicial, invadir a universidade é, realmente, desprezível. Não há outro nome. Ele (Serra) deveria retomar as fotos e filmes de 64 e ver a sede da UNE queimada, para ver se refresca a memória”.
. Sobre a ocupação, diz Maria Hermínia: “Acho que a pior solução possível é que a polícia entre (no campus). A última vez que a polícia entrou, eu era estudante ainda. Eu tenho péssima lembrança e acho que isso deveria ser evitado”.
. (Como se viu no noticiário de ontem, inclusive na reportagem aqui, do Conversa Afiada (clique aqui para assistir ao vídeo), aparentemente o presidente eleito José Serra recorreu aos préstimos do Senador Eduardo Suplicy, do PSDB de São Paulo, inscrito no PT. Suplicy apareceu na USP, munido de poderoso celular, disponível para as câmeras de tevê, como auto-nomeado mediador).
. (Para aproveitar a sugestão do professor Francisco de Oliveira: o leitor do Conversa Afiada que saiba como acessar fotos do presidente eleito quando era presidente da UNE, inclusive de sua apagada participação no Comício da Central que precedeu de poucos dias o golpe contra João Goulart, poderia nos informar. Gostaríamos de prestar esse serviço à memória iconográfica de São Paulo).




domingo, 20 de maio de 2007

em defesa da universidade

É um movimento em defesa da universidade, afirma sociólogo
Francisco de Oliveira disse aprovar que os alunos tenham tomado a iniciativa
DA REPORTAGEM LOCAL
O sociólogo Francisco de Oliveira, 73, aprova a ocupação da reitoria pelos alunos. Para ele, essa é a única maneira encontrada para as reivindicações serem ouvidas. Ele critica, porém, a política educacional de José Serra e, ainda, a possível entrada da PM no campus. A assessoria do governador foi procurada no início da noite, mas informou que Serra estava no interior. A assessoria do secretário José Aristodemo Pinotti não foi localizada por telefone. Leia trechos da entrevista.

FOLHA - Qual é a opinião do sr. sobre a ocupação da reitoria? FRANCISCO DE OLIVEIRA - Sou inteiramente a favor dessa ocupação. Não ocupação por ocupação, mas porque os recursos se esgotaram e os estudantes estão fazendo um movimento em defesa da universidade. É lamentável que os meios políticos institucionalizados não sejam capazes de atentar para a questão da universidade. É odioso que o governo do senhor José Serra, que no passado foi presidente da UNE, (...) use desses meios de restringir financeiramente a universidade. Não adianta o secretário [de Ensino Superior, José Aristodemo] Pinotti vir e dar nó em pingo d'água. Não havia mais recurso, o movimento dos professores está muito fraco e os estudantes tomaram a iniciativa e sou inteiramente a favor. Ainda não vi ato de vandalismo.
FOLHA - Essa era a única forma de serem ouvidos? OLIVEIRA - É isso. O governador, do alto de sua majestade, baixa os decretos. Ele tem a chave do tesouro e pronto. Deveria criar outros meios de a universidade ser responsável pelos gastos. Não estou pedindo uma universidade irresponsável, fazer o que lhe der na cabeça.
FOLHA - O que o sr. acha da possibilidade de a polícia ser acionada para fazer a reintegração de posse? OLIVEIRA - Mandar, por uma medida judicial, invadir a universidade é, realmente, desprezível. Não há outro nome. Ele [Serra] deveria retomar as fotos e filmes de 64 e ver a sede da UNE queimada, para ver se refresca a memória.

Com quantos decretos se pretende

destuir a democracia?
http://www.youtube.com/watch?v=RjkybwluKkg

Um grande vídeo!

http://www.youtube.com/watch?v=_NAyiJ3zFmM&mode=related&search=

Fala Paulo Henrique Amorim !!!!!!!!!!!!!!!

SERRA QUER OS R$ 5,5 BI DOS REITORES

Paulo Henrique Amorim
Máximas e Mínimas 398

. O primeiro ato do presidente eleito José Serra, ao assumir, provisoriamente, o Governo de São Paulo, foi passar a pá em todas as verbas à vista e reuni-las sob seu arbítrio pessoal, exclusivo.
. Como o presidente eleito conta com o apoio irrestrito da mídia conservadora (e golpista), especialmente a de São Paulo, ele achou que ninguém ia perceber que tinha tirado a autonomia das universidades estaduais.
. Como ?
. Com dois mecanismos que tinham a sutileza de um elefante:
. 1º. – nomear um Secretario do Ensino Superior, que passaria a mandar no Conselho de Reitores.
. 2º. – não deixar os reitores mexerem nas verbas, cuja fatia mais grossa provém de 9,57% da arrecadação de ICMS.
. Como Serra não se formou nem em engenharia nem em economia na USP, para ele tanto faz que a universidade paulista tenha ou não autonomia.
. Qual é a estratégia de médio prazo do presidente eleito ?
. Tomar conta do dinheiro das universidades – e ele já começou a espalhar na imprensa (?) que são universidades ineptas – e colocar num mesmo bolo central, que ele possa usar para a campanha da posse na Presidência em 2010.
. É só uma formalidade assumir a Presidência em 2010, mas, mesmo assim, vai precisar de dinheiro.
. A campanha publicitária do Governo de São Paulo, para a felicidade da mídia conservadora (e golpista), vem aí !
. Segundo a Folha de S. Paulo de hoje, página C1 (clique aqui para ler “reitores agora dizem não ver risco à autonomia”), o Secretário da Fazenda disse que o Governo pretende definir, “em entendimento com os reitores, um regime adequado de remanejamento de dotações orçamentárias, que atenda às peculiaridades de sua organização”.
. Isso, a rigor, não significa nada: muito menos respeito à autonomia das universidades.
. Ou é possível imaginar que os reitores sejam capazes de resistir a um “entendimento” com Serra sobre como remanejar as dotações orçamentárias ?
. Os reitores (clique aqui para ler o que diz o presidente do Conselho de Reitores) parecem usar uma tática bastante interessante: pegar o Secretário da Fazenda pela palavra e entender que a frase ambígua – “em entendimento” – é uma garantia indiscutível da autonomia das universidades.
. Acredite se quiser.
. Como na cratera do Metrô, Serra ganha tempo, porque conta com o apoio da imprensa – com a Folha de S. Paulo à frente.
. Ele precisa esvaziar a greve de estudantes e funcionários da USP.
(Clique aqui para ver o vídeo que mostra a situação da greve, ontem, na USP).
. A própria Folha lembra que o Secretario de Ensino Superior, José Aristodemo Pinotti, disse, segunda feira: “certos remanejamentos, que mudem dinheiro de um item econômico para outro, precisam de autorização do Governador.”
. No jornal de hoje, quatro dias depois, Pinotti, explica que podia ter “se expressado mal”, e que a providência entraria em vigor em 2008.
. Quer dizer, em 2008 não tem conversa: para pegar dinheiro do custeio e comprar um astrolábio, o Governador (presidente eleito) tem que aprovar.
. No caso do controle do Conselho de Reitores, o presidente eleito recuou.
. Isso não tem importância. Era uma formalidade.
. O problema do presidente eleito é que ele acha que as universidades de São Paulo têm dinheiro demais.
. E ele quer controlar esse dinheiro.
. E se Serra é o Serra que se conhece, os reitores podem ter certeza: Serra quer os 9,57% do ICMs (*) que hoje vão para as universidades.
. E lá na frente, bem depois da linha do horizonte, já se sabe o que Serra e Pinotti querem (pelo que fizeram os tucanos no poder): privatizar o ensino.

(*) - A divisão é assim: 5,2% do ICMS para a USP; 2,3% Unesp; e 2,1% Unicamp. 9,57% do ICMS dão R$ 5,5 bilhões, com base na arrecadação do ICMS de 2006. É uma fortuna ! Dá para imaginar o presidente eleito se conformar com a idéia de que três reitores possam administrar R$ 5,5 bilhões, sem consultá-lo ? E as universidades ainda ousam propor aumentar isso para 11,6% do ICMS ...

Deu na carta maior...

Professores e alunos reagem à quebra da autonomia universitária
Comandada por José Aristodemo Pinotti, a Secretaria de Ensino Superior criada na gestão Serra é vista como ameaça à autonomia das três universidades públicas paulistas. Sindicatos de docentes e funcionários preparam paralisações.
Rafael Sampaio – Carta Maior
SÃO PAULO - No primeiro dia em que o governador José Serra (PSDB) assumiu o Estado de São Paulo, em janeiro de 2007, um decreto publicado no Diário Oficial criou a Secretaria de Ensino Superior. Sob o comando do ex-secretário municipal de Educação José Aristodemo Pinotti (DEM), a polêmica secretaria é vista como uma ameaça à autonomia das três universidades públicas do Estado de São Paulo – USP, Unesp e Unicamp.Pinotti, que prestou esclarecimentos no Conselho Universitário da USP no dia 26 de março, admitiu ter havido “falta de tato” do governo de José Serra ao tentar impor seu nome como presidente do Cruesp (Conselho dos Reitores das Universidades Estaduais Paulistas). “Os decretos de [José] Serra são os mais graves que eu já vi, pois quebram a autonomia administrativa das universidades”, diz o vice-presidente da Associação dos Docentes da USP (Adusp), Francisco Miraglia. O decreto 51.636, publicado no Diário Oficial no começo de março, obriga as instituições a entrarem no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafem) do Estado. “Significa que o manejo de verbas vai precisar do aval do governo estadual, o que vai burocratizar e atrasar muito a reforma das salas de aula, a contratação de novos professores e outras medidas essenciais para o funcionamento da universidade”, afirma o vice-presidente.Para a Adusp, há mais transparência nos balanços mensais apresentados pela USP, onde o orçamento universitário é apresentado em detalhes, do que nas contas do governo estadual. “O último balanço da arrecadação de impostos do Estado foi divulgado em dezembro de 2006, antes que José Serra assumisse”, diz Miraglia. “A falta de transparência é grosseira, não há como acreditar que este governo vai saber administrar os recursos da universidade”.O estudante de Ciências Sociais Vinícius Macario, membro do Diretório Central dos Estudantes (DCE-USP), informa que há uma paralisação agendada nas três universidades estaduais para o dia 10 de maio. Haverá manifestações em São Paulo e no interior, contra a quebra da autonomia universitária. “O governo não tem vontade política de retirar os decretos. O ano começou com dois deles e até agora já tivemos vários”, diz Macário, que ri da hipótese de “benevolência” do Estado. “Só com muita pressão e com mobilização nas universidades é que as coisas vão mudar”.Ele critica as medidas “impostas” pelo governo Serra, porque elas não foram votadas pelos deputados estaduais e nem discutidas com a população. “A Secretaria de Ensino Superior vai servir para manter a expansão de vagas nas universidades sem verba extra; é uma forma de silenciar os reitores e a comunidade universitária”, argumenta Macário.Um documento aprovado pela Congregação de professores da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH-USP) questiona a legitimidade da nova secretaria. “Certamente as três instituições públicas de ensino e pesquisa do Estado saberão responder a isso”, afirma a carta, em referência às mobilizações de seu corpo universitário. “Não pode ela [universidade] ter a sua pauta imposta externamente”, justamente porque “lhe retiraria o poder legítimo de ter iniciativa nas ações que lhe dizem respeito”.Para a Adusp, o governo quer centralizar as decisões político-administrativas tomadas nas universidades. “Há uma crise republicana no Estado de São Paulo”, diz Miraglia, que crê em uma tendência do governo de José Serra a querer submeter instituições independentes em seu comando, como é o caso da Assembléia Legislativa de São Paulo.

Deu no MAIS!

Artigo publicado no caderno Mais!, domingo (6)
A questão da universidade
Interferência do governo estadual na gestão das políticas de ensino superior em SP sugere atenção ao setor privado MARIA SYLVIA CARVALHO FRANCO ESPECIAL PARA A FOLHA José Serra interpôs-se ao orçamento das universidades públicas paulistas e à sua gestão [com o contingenciamento de verbas instituído em janeiro passado].
O professor Pinotti [secretário de Ensino Superior] afirma tratar-se de transparência em negócios oficiais, limitando sua assertiva a uma operação técnica, elidindo razões, meios e fins.
Subjaz, ao contexto latente, o teor político desse ato: excluir a gestão financeira privativa das universidades e aliená-la à administração direta do Estado, dinamizando recursos para acréscimo de poder.
De pronto, é útil atender ao "pujante setor" (Pinotti) das universidades privadas, fonte de votos nutrida por carências de educação e escassez de trabalho, aliado a bolsas, cotas, monitorias, voluntariado, de fato subempregos. No ciclo longo, entram em cálculo alvos cognitivos. Critica-se a liberdade de pesquisa, em nome de diretrizes emitidas por focos externos a ela (governo, empresários, mercado).
Esmaeceu-se a consciência de que o engenho científico se afia nos interesses imanentes ao trabalho, em tropeços e prazeres intrínsecos à investigação, batendo pistas indeterminadas a priori.
Diluiu-se o senso de que o saber advém sob modos e ritmos vários, que sua busca é infinita, que cerceá-lo é esterilizar seu ânimo, reduzir o progresso da ciência a acúmulo baldio. Entre paradoxos, corta-se a iniciativa e urge-se "inovar".
A forma da universidade, no Estado, é crucial para ambos. Ditar áreas de reflexão, enrijecer normas de pesquisa, exigir célere aplicação roem o conhecimento. Do prisma civil: se os alentos da vida espiritual forem preteridos como finalidade, perdem-se as fibras da cidadania. Políticos em leilão, máculas de caráter, intelectuais que se desdizem vingam nesse lapso mortal da interioridade infecunda. Pujante setor
Organogramas não são ingênuos. O controle financeiro e a justaposição administrativa das universidades públicas às particulares sinalizam claro intento político: o governo busca valorizar "o ensino superior que não se resume, porém, às três universidades estaduais". Esse "pujante setor" inclui 500 unidades, com "graves questões a serem corrigidas" (Pinotti, na pág. A3 da Folha de 26/1). Como?
Dessas centenas, raras têm aval acadêmico e mesmo as precárias são acolhidas: subsidiá-las é abonar verbas públicas a negócios lucrativos. O afã por esse veio não é de agora. A FMU, na qual o professor Pinotti foi reitor e hoje preside o Instituto Metropolitano de Altos Estudos (Imae), realizou seminários (envolvendo órgãos e membros do Executivo, Parlamento, magistratura, fundações de apoio à pesquisa e ao ensino, reitores e docentes do sistema público) sobre reforma universitária, que incluem tal benesse e outros itens anunciados pelo governo Serra. Leia-se a "Revista do Imae". A alta presença do professor Pinotti nessa instituição (em que pese seu admirável currículo acadêmico) e no Estado não define conflito de interesses, legal ou ético?
Seguindo a meada: a interface governo Serra/universidade é definida pelo desenvolvimento industrial, em uníssono com Fiesp [Federação das Indústrias do Estado de São Paulo] e CNI [Confederação Nacional da Indústria], fortes agrupamentos políticos (descuidados por Lula, mas agora atraídos ao Ministério da Ciência e Tecnologia).
No alvoroço reformista-empresarial de espelhar nossas instituições no padrão genérico "de todo o mundo", advirta-se que o investimento público, motor de lucro às firmas, é a fundo perdido.
Impõe-se cautela: o serviço do Estado (o cidadão paga pesado por ele) não cessa aí, e o desenvolvimento não engata a todos os "modernos" (de empresários a populares) no trem da história, ilusão malograda. Detalhes
Via fundações, as universidades públicas privatizam-se, mediante convênios, suplementos salariais e cursos pagos. Para bem ou mal, todo o complexo até agora esteve sob asas acadêmicas. Não mais. Atentem para esse detalhe, os adeptos do modelo.
Se o destino universitário é, para Serra e adjuntos, o vínculo inapelável com a prática, não subestimem o tino alheio e o declarem. É um modelo possível, mas velho e autoritário.
Nesse quesito, é útil ler Fichte, o nacionalista estatizante, afim às atuais tendências de ativismo centralizador radicado na ordem burguesa, com um olhar de soslaio na comunidade.
A excelência acadêmica é cara, e compete ao Estado, com suas derramas, garantir chances iguais de acesso a ela, com rigor seletivo. O ensino básico, compatível com esse ingresso, é um direito, não mister de altruísmo.
Diz a má-fé gerada pela ditadura militar que só ricos fruem desses centros e que, algures, pagariam. Qual "elite" (leia-se classe média, provedora-mor da Receita) dispõe, aqui, de US$ 200 mil [R$ 407 mil], preço da Harvard Law School (um professor para cada seis alunos e esplêndidas "research facilities")? Esse, o custo da "Ivy League" [constituída pelas oito mais tradicionais universidades dos EUA], à qual setores americanos médios, menos onerados, podem chegar.
Fazemos muito, com menos.
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MARIA SYLVIA CARVALHO FRANCO é professora titular de filosofia da USP e da Universidade Estadual de Campinas e autora de "Homens Livres na Ordem Escravocrata" (ed. Unesp).

Revoga, Serra!

numa recente notícia, publicada na versão on-line da Folha de São Paulo, o governador José Serra (PSDB) afirmou: "O que está por trás [da ocupação] é o desejo de agitar e usar essas questões como pretexto para algum tipo de agitação com outros propósitos. Não se avançou um milímetro sequer sobre a autonomia universitária", diz o governador. Serra completou: "Fui o grande líder estudantil do meu período. No geral, estávamos baseados em posições políticas. Não estávamos baseados em miragens, mentiras e inverdades". Serra foi eleito presidente da UNE em 1963, cargo que ocupou até 1964.
Discordamos do senhor governador.
O que está por detrás da ocupação é o desejo de ampliar o acesso à Universidade a TODOS.
O que está por detrás da ocupação é o desejo de denunciar que seus decretos, sim, violam a autonomia universitária, pelo menos a que a legislação garantia, o que a ocupação denuncia é que está se instalando no Estado de São Paulo uma forma autoritária de pensar a educação, e uma desvalorização das especificidades, em especial das humanidades e das artes.
O senhor afirma ter sido um grande líder estundantil. Prove respeitando o nosso debate, sem carimbá-lo como mentiroso, apenas para fugir dele.
Revoga, Serra!